Decálogo dos Direitos do Blogueiro


10. Toda blogagem se dará em paz e exercitará a liberdade de expressão inerente a qualquer democracia. A blogagem estará a salvo de perseguição política, religiosa ou doutrinária de qualquer caráter. O blogueiro será livre para dizer o que lhe venha à telha, desde que, obviamente, não cometa com a linguagem crimes de calúnia ou plágio.

9. Todo blogueiro terá o direito de passar um dia sem blogar e não receber mensagens alarmistas, preocupadas ou encheção de saco. Os blogueiros serão poupados de receber emails com gritaria ou esbravejação em letras maiúsculas e, no caso de recebê-los, serão livres para exercitarem o direito de ignorá-los ou apagá-los.

8. Todas as blogueiras terão direito de blogar em próprio nome, em pseudônimo ou em heterônimo como lhes apraza, de forma exclusiva ou simultânea. Assim como todos os outros direitos nomeados aqui preferencialmente no feminino, este também se aplica, evidentemente, aos homens que possam, saibam ou ousem exercitá-lo.

7. Sendo publicitário, funcionário público, palhaço, vendedor de seguro, jogador de futebol, aeromoça, professor universitário, paquita, lixeiro ou desempregado nas horas vagas, o blogueiro tem direito de não ser importunado, agredido, chantageado ou ofendido por sua escolha ou necessidade profissional fora das horas de blogagem.

6. Todas as blogueiras terão direito de livre associação em quaisquer grupos, incluindo-se aí grupos com objetivos e programas contraditórios. Entender-se-á a blogagem sobretudo como um direito à coexistência bizarra, insólita e feliz de diferenças na internet. Na blogosfera haverá paz de se retribuir as visitas ao blogs de cada um na devida temporalidade baiana que deve reger as coisas, sem pressa, sem culpa e sem cobrança. Ao visitar o blog alheio o blogueiro também temperará o natural desejo da recíproca com semelhante tranqüilidade.

5. Toda blogueira estará livre de qualquer responsabilidade sobre afirmações feitas por outras pessoas em seu blog. Nenhuma blogueira poderá ser interpelada, processada ou censurada por ofensas ditas por outrem em seu blog. Caso alguma pessoa se sinta ofendida por algum comentário e reclame, a blogueira terá amplo tempo para decidir qual a atitude correta de anfitriã que exercita seus direitos de cidadã numa democracia onde àqueles correspondem, é claro, deveres também.

4. A todo blogueiro será garantido o direito de promover votações, concursos, citações, retrospectivas, autolinkagem ou reciclagem sem ser acusado de estar ficando sem assunto.

3. Todo blog terá liberdade absoluta de linkar, deslinkar e relinkar como lhe preze, entendendo-se que a linkagem é ato livre, unilateral e jamais significa, por si só, um endosso de conteúdo do site linkado. Todo blogueiro terá paz para ir linkando aqueles que o linkam ou não, na medida em que ele vá viciando-se em blogs.

2. Todo blogueiro terá o direito de exercitar periodicamente o direito de dizer abobrinhas sobre assuntos que não entende, de tal forma que os blogs de futebol serão apoiados quando resolvam falar de música e os blogs de economia contarão com a compreensão geral quando decidam falar sobre a composição do vinho. Mais bobagem que certas revistas semanais blog nenhum conseguirá dizer.

1. Todo blogueiro terá o direito de propor decálogos incompletos – eneálogos, na verdade – e solicitar ser completado, corrigido ou auxiliado pela caixa de comentários. Esqueci de alguma coisa? Sejam bem-vindos.

Abril Digital lança Gostei, Blogs, PinFotos


Este é o registro do evento realizado pela Abril dia 01/010/2008 na cobertura de sua sede em São Paulo.
Focada em soluções inovadoras e ferramentas dinâmicas e apropriadas para a geração da web 2.0 a Abril Digital anuncia oficialmente os primeiros de uma série de lançamentos programados para este ano: os sites Gostei! http://www.gostei.abril.com.br/, Blogs http://www.blogs.abril.com.br/ e PinFotos http://www.pinfotos.abril.com.br/. A empresa do Grupo Abril também comemora o novo , www.abril.com.br que está no ar com ferramentas e conteúdos alinhados aos conceitos de interatividade e participação ativa dos internautas.

Lançados simultaneamente pela Abril Digital, Gostei!, Blogs e PinFotos utilizam o mesmo login e senha do usuário. Ou seja, basta fazer o cadastro em apenas uma das novidades para utilizar os recursos e as ferramentas de todas as três. Todos são personalizados respeitando as preferências de cada internauta, estão completamente inseridos nos conceitos da Web 2.0 e adotam características que marcam a nova linha de produção. Mais fotos no endereços:http://pinfotos.abril.com.br/ ou http://pinfotos.abril.com.br/albums/recents

A HISTÓRIA DO SAXOFONE


O saxofone foi inventado por Antoine-Joseph (Adolph) Sax. Ele nasceu em Dinant, uma cidade no vale de Meuve na Bélgica, no dia 6 de novembro de 1814. Charles-Joseph Sax, o pai dele, era um carpinteiro que construiu uma fábrica para instrumentos de sopro de madeira e instrumentos de metal. Do pai ele herdou a técnica e criatividade para o comércio. Pouco se sabe sobre sua mãe, exceto que ela vivia muito ocupada cuidando dos onze filhos. Adolph começou sua educação formal na Royal School of Singing (Bruxelas); lá ele também estudou flauta e clarinete. Dizem que se Sax não tivesse entrado nos negócios da família ele teria feito uma boa carreira como clarinetista profissional. Charles concentrou suas energias na sua fábrica de instrumentos para ir ganhando a vida, enquanto Adolph ia experimentando novos designs com a finalidade de criar novos instrumentos. Sax termina, em 1834, o aperfeiçoamento do clarinete-baixo (clarone); talvez daí viesse a idéia de fabricar um novo instrumento, pois o formato do clarone e o do saxofone são bem semelhantes, com a diferença de que o corpo do clarone é mais alongado e feito de madeira e, principalmente, por pertencer à família do clarinete; mas o primeiro saxofone nasceu quando Sax adaptou uma palheta de um clarinete ao bocal de um oficlide (um predecessor da tuba, só que em forma de "U", como o fagote). O resultado foi um saxofone-baixo; a partir deste, Sax criou o restante da família. O Saxofone é um dos poucos instrumentos que foram "inventados". Historiadores estão de acordo que Adolph Sax projetou e construiu o saxofone por volta de 1840. O esboço básico deste instrumento nunca mudou, embora muitos aperfeiçoamentos tenham sido feitos. Dessa incrível habilidade criativa nasceram o Sax Horn (uma espécie de tuba) e os saxofones. Quando Adolph completou 25 anos, ele foi atraído pelo encanto de Paris, e se mudou para lá. Enquanto estava em Paris, ele conheceu muitos músicos notáveis inclusive Meyerbeer e Berlioz. Contudo ele foi obrigado a se mudar para Bruxelas por razões econômicas. Depois de um período de tragédia familiar onde o Charles viu oito dos seus filhos morrerem, pai e filho se dedicaram exclusivamente ao trabalho, entorpecendo a dor da perda. Porém, a viagem a Paris teve um efeito duradouro em Adolphe e ele não pôde esperar pela oportunidade de voltar. Ele recebeu várias ofertas de trabalho que ele aceitou alguns em Londres e St. Petersburgo. Finalmente, ele foi atraído para voltar a Paris pela oferta de trabalho para o Serviço Militar francês. Quase imediatamente depois da chegada dele em Paris, Sax começou a trabalhar na sua família de cornetas teclada. Tendo concebido o saxofone como um instrumento que combinaria os instrumentos de madeira com os de metal, pela produção de um som que descreveria propriedades de ambos, Sax submeteu-o a teste (o primeiro em conjunto) com as bandas militares francesas. A aceitação foi imediata. Em 12 de julho do mesmo ano, Sax é entrevistado por seu amigo Hector Berlioz, compositor e escritor do artigo, na "Paris Magazine" (jornal de debates), descrevendo sua nova invenção: o SAXOFONE: "Melhor que qualquer outro instrumento, o saxofone é capaz de modificar seu som a fim de lhe dar as qualidades convenientes, e de lhe conservar a igualdade perfeita em toda sua extensão. Eu o fiz em cobre, e em forma de cone parabólico. O saxofone tem boquilha com palheta simples como embocadura, uma digitação próxima à da flauta e à do clarinete, e podemos, se quisermos, colocar-lhe todas as digitações possíveis", diz Sax. Em 1844, o saxofone é exibido pela primeira vez na "Paris Industrial Exibicion" e, no dia 3 de fevereiro do mesmo ano, Hector Berlioz esboça o arranjo do coral Chant Sacre , no qual inclui o saxofone. "Nenhum instrumento que conheço possui essa estranha sonoridade situada no limite do silêncio", afirma H. Berlioz. Ainda em dezembro desse ano , é apresentada a primeira obra original para saxofone, inserido na orquestra de George Kastner, "Opera Laster King of Judá" ("O Último Rei de Judá"), no Conservatório de Paris. Em 1845, Sax tirando vantagem da situação de que a banda de infantaria francesa possuía uma falta de qualidade, ele recomendou ao Ministro de Guerra que uma competição fosse feita entre uma faixa com instrumentos tradicionais e uma com os seus instrumentos. Ele refaz a Banda Militar, substituindo o oboé, fagote e trompas francesas por instrumento de sua invenção: saxofones, saxhorns em Bb e Eb, produzindo maior homogeneidade sonora; essa idéia foi um sucesso, e a faixa de sax subjugou a audiência. Dali em diante os saxes foram adotados na música militar francesa. O saxhorn é uma espécie de instrumento de sopro feito de latão com embocadura de bocal e pistões que compreende o sopranino, soprano, contralto, barítono, baixo, contra-baixo (tuba), que funciona de forma análoga às tubas wagnerianas e às trompas de pistões. O seu formato é também muito semelhante ao das tubas empregadas por Wagner na "Tetralogia". A tuba, que é um saxhorn baixo, munido de 4 ou até 5 pistões, constitui o único instrumento da família dos saxhorns em uso constante na orquestra sinfônica; os demais se restringem às bandas sinfônicas, militares e musicais no caso dos barítonos e contraltos. O saxofone foi patenteado em 1846 incluindo 14 variações: Sopranino em Eb, Sopranino em F, Soprano em Bb, Soprano em C, Alto em Eb, Contralto em F, Tenor em Bb, Tenor em C, Barítono em Eb, Barítono em F, Baixo em Bb, Baixo em C, Contra-baixo em Eb e Contra-baixo em F. Em 1858, Sax torna-se professor do Conservatório de Paris, onde começou a lecionar e propagar os ensinamentos do instrumento. O primeiro método para saxofone também foi atribuído a George Kastner (1846), e depois vieram os métodos de Hyacinthe Klosé (“Método Elementar Alto e Tenor” - 1877; “Barítono e Soprano” - 1879 e 1881). Porém, Sax nunca ficou rico. Devido ao seu sucesso, os concorrentes, de olho nos lucros, lançaram uma tremenda campanha contra ele. Entre outros golpes, acusaram-no de ter roubado a idéia do saxofone, subornaram músicos para boicotar os seus instrumentos e fizeram com que os compositores deixassem o sax à margem das salas de concerto. Adolph sobreviveu aos ataques até que, em 1870, sua patente expirou e qualquer um pôde fazer saxofones. Sua fábrica então faliu. Duas vezes ele declarou bancarrota em 1856 e 1873. Muitos processos foram movidos contra ele e passou grande parte da sua vida em batalhas judiciais, gastando assim todo o seu dinheiro. Aos oitenta anos de idade e falido, três compositores se sensibilizaram (Emmanuel Chabrier, Jules Massenet e Camile São-Saens) e solicitaram ao Ministro francês de belas artes que lhe ajudasse. Uma pequena pensão foi dada, a qual lhe garantiu uma ajuda nos seus últimos anos de vida. Antonie Joseph, conhecido como Adolphe Sax, morreu no dia 4 de Fevereiro de 1894 com 80 anos de idade.
Os saxofones: Sopranino, Soprano, Alto, “C” Melody, Tenor, Barítono, Baixo e Contrabaixo.
Postado por Sonoridade Clássica Paulafonsina

14º Festival Internacional de Jazz de Punta Del Leste 2009



História
Este Festival ha sido singular: la lista de músicos que han participado en él es una de las más destacadas del mundo, es el primero del calendario anual, los músicos más prominentes de jazz sostienen que es uno de sus predilectos y su elevado nivel artístico jamás ha sido cuestionado pese a las diferentes características que ha tenido tanto en su programa, como en su duración o en el lugar donde se realice.

Festival tras Festival fue necesario superar obstáculos de todo tipo: económicos, administrativos, financieros, burocráticos, meteorológicos y de muy variada naturaleza. Afortunadamente ello nunca han opacado el brillo y la mística que lo rodean y jamás el público, los músicos, ni la crítica han podido hablar de problemas musicales, logísticos, humanos, acústicos u organizativos que afectaran el goce que significa estar allí. Por el contrario, la crítica y el auditorio lo elogian y emplean adjetivos como insuperable, inmejorable, maravilloso, superior. Lo mismo ocurre con los músicos, quienes cada año reiteran desde el escenario, y en cartas a su regreso, el disfrute que es para ellos participar en él.

Como si todo ello fuese un acicate para que la producción apunte cada vez más alto, a lo superlativo, así ha ocurrido durante 13 años y con ese objetivo se está trabajando para el 14º Festival Internacional de Jazz de Punta del Este.

Brasil Brazil Bresil

Leny Andrade Romero Lubambo Zimbo Trío Lucio Nascimentoi Adriano De Oliveira Joao Coutinho Claudio Roditi Joyce Tutty Moreno Lula Galvao Teco Cardoso Rodolfo Stroeter Luis Guello Sivuca Gustavo Mendoça Neil Teixeira Jose Durval Pereira Jorginho Do Trompete Cesar Camargo Mariano Fabio Luna Rosa Passos Marcos Teixeira Sergio Brandao Maucha Adnet Duduka Da Fonseca Nilson Matta Sebastião De Freitas Lucio Afonso Abreu Pedro De Alcântara Marco Antônio Grijó (capixabas)Helio Alves Joca Perpignan David Feldman Oscar Dos Reis Léo Ferrarini Rafael Schüler Fabio Alves Ricardo Arenhaldtodolfo Schuster Paulino Fagundes Ricardo Baumgarten Paulo Sergio Santos Lula Galvao Guinga Geraldo Flach Virgínia Rosa Renato Borghetti Nailor Aparecido Azevedo Ubaldo Versolato Carlos Antônio Malaquías Vinicius Assumpção Dorin José Francisco de Lima Valdir José Ferreira Walmir de Almeida Gil Odésio Jericó da Silva Nahor Gomes Oliveira Edson José Alves Jarbas Alves Barbosa Wesley Izar Filho Frederico Penteado Neto Luiz Carlos Xavier Coelho Pinto Mark Lambert Guto Wirti João Donato Robertinho Silva Ricardo Pontes.

Estados Unisdos United States Etats Unis

Clark Terry James Moody David Finck Mark Walker Andy Narell Dave Samuels Slide Hampton Terri Lyne Carrington Harvie Swartz Frank Foster Frank Wess Ron Carter Lewis Nash Stephen Scott Steven Kroon Monty Alexander Troy Davis Hassan J.J. Higgins Kenny Burrell Fareed Haque Jeanie Bryson Coleman Mellet Ted Brancato Dereck Dicenzo Chico Hamilton Eric Person Cary De Nigris Paul Ramsey Paul Ramsey Adam Nussbaum Mulgrew Miller Steve Turré Kenny Barron Ray Drummond Phil Woods Brian Lynch Bill Mays Steve Gilmore Bill Goodwin Michael Brecker James Genus Joseph Calderazzo Jeff “Tain” Watts John Patitucci Regina Carter Terence Blanchard Bryce Winston Aaron Fletcher Eric Harland David Pulphus Buster Williams Carl Allen Billy Childs Benny Golson Eddie Monteiro Roy Haynes Christian McBride Raul Midon Cedar Walton David Williams Alvin Queen Johnny Griffin Kenny Garrett Vernell Brown Charnett Moffett Chris Dave Chris Dave Ed Cherry Ed Cherry John Lee Alex Han Rufus Reid Nicholas Payton Tim Warfield Anthony Wonsey Reuben Rogers Adonis Rose Benny Green Quincy G. Davis Barak Mori Kenny Werner Cameron Brown Idris Muhammad Donald Harrison John Lefcoski John Lampkin Vicente Archer Christian Scott Russell Malone Richard D. Johnson Richie Goods E. J. Strickland Conrad Herwig Chico Freeman David Silliman Jason Linder Gene Jackson Vince Cherico Cyrus Chestnut Ari Hoenig Chris Potter James Carter Leonard King Ralphe Armstrong Craig Taborn Darmon Meader Peter Eldridge Kim Nazarian Lauren Kinhan Jay Ashby Tom Harrell Xavier Davis Ugonna Okegwo Jimmy Greene Ron Blake George Colligan Terreon Gully Eric Gunnison Willie Jones III Peter Washington Steve Nelson Roy Hargrove Ronnie Mathews Justin Robinson Jimmy Heath Paul West Tootie Heath Jeb Patton Phoebe Stubblefield Corey Fonville Mark Steinert Rakim Yarbrough Charlie Foldesh Earl Travis Jr. Stephen Forse Nick Stubblefield Scott Colley Gary Bartz Greg Bandy James King Vincent Herring Al Foster Delfeayo Marsalis Jason Marsalis Delbert Felix Victor Atkins Antonio Hart Luques Curtis Bill Charlap Ravi Coltrane Adam Cruz Dave Kikoski Eric Revis Eddie Henderson Walt Weiskopf Dennis Irwin Mark Guiliana Tony Madruga Doug Weiss Montez Coleman Bruce Barth Alex Brown Eric Doob Jeremy Pelt Marshall Gilkes


Uruguay

Ruben Rada Osvaldo Fattoruso Mariana Ingold Gastón Contenti Santiago Gutiérrez Popo Romano Carlos Quintana Héctor Finito Binguerst Mañosa y el Hot Club de Montevideo Federico Righi Ricardo Lacuán José Reinoso José Reinoso Francisco Fattoruso Daniel Lencina Miguel Romano Rodrigo González Pahlen Fabián Pietrafessa Jorge Camiruaga Alberto Magnone Néstor Vas Andrés Ibarburu Martín Ibarburu Jorge Trasante Horacio Diyorio Cachi Baccheta Daniel Maza Pablo Somma Ignacio Labrada Malena Muyala Bernardo Aguerre Nicolás Mora Gustavo Etchenique Sergio Fernández Cabrera Martín Muguerza Beledo Gerardo Alonso Rodolfo Schuster Rodrigo De La Cruz Daniel Romanelli Nelson Varela Christian López Juan Rodríguez

Argentina Argentine

Jorge Navarro Baby López Furst Luis Salinas Darío Eskenzi Juan Cruz de Urquiza Diego Urcola Jaime Torres Fat Fernández Oscar Feldman Pablo Ziegles Horacio Hurtado Horacio López Enrique Sinesi Walther Castro Ricardo Cavalli Horacio Fumero Fernando Martínez Jazz Ensamble Big Band Hernán Romero Mario Gusso Juan D’argenton Pepe Luna Willy González Juan Raffo Mariano Otero Francisco Lo Vuolo Marcelo Torres Gustavo Cámara Abel Rogantini Diego Alejandro Roxana Amed Alejandro Ridilenir Claudio Luliano Fernando Galimany Mauricio Percan Juan Carlos Cirigliano Jorge "Negro" González"Junior" Cesari Daniel “Pipi” Piazzolla Guillermo Delgado Gerardo Gandini Facundo Bergalli María Volonté Andrés Boiarsky Chango Spasiuk Mariano Sívori Ligia Piro


Colombia
Edmar Castañeda Andrea Tierra

Australia
Barney McAll

Cuba
Paquito D’Rivera Nicolás Reynoso Carlos Emilio Morales Ignacio Berroa Bebo Valdés

Venezuela
Ed Simon

Panamá Panama
Danilo Pérez

Holanda
Pernell Saturnino

México Mexico
Antonio Sánchez

Israel
Alon Yavnai Avishai Cohen Shai Maestro

Perú Perou
Oscar Stagnaro

España Spain
Chano Domínguez Guillermo McGill Javier Colina Blas Córdoba Tomás Moreno Israel Suárez

Puerto Rico Porto Rico
Brenda Feliciano Dave Valentin Ralph Irizarry Miguel Zenón

Suecia Sweden
Karl Martin Almqvist Sebastian Voegler Jonas Östholm

Bélgica Belgium
Toots Thielemans

República Checa Czech Republic
George Mraz

Canadá Canada
Renee Rosnes

Alemania Germany
Johannes Weidenmueller

Italia Italy

Massimo Biolcati Roberta Gambarini

Francia France
Mino Cinelu Manuel Rocheman

Japón Japan
Take Toriyama Tomoko Ohno

Chile Claudia Acuña René Sandoval



jazz@festival.com.uy



Creador, Productor y Director general
Francisco Yobino

Finca El Sosiego, Punta Ballena - Punta del Este
franyo@festival.com.uy / festival@festival.com.uy
Tel: + 598 42 23 00 04
Cel: + 598 99 905 748 / + 598 94 430 400
Casilla de Correo Nº 52076, Correo de Maldonado
Cód. Postal 20000
Uruguay


Coordinación General y Traducción
Beatriz Sosa Martínez
festival@festival.com.uy


Camilo Rousserie
Comunicaciones y RRPP
Festival Internacional de Jazz de Punta del Este
comunicacion@festival.com.uy
+ 598 99 104076

Visite o site do festival:
http://www.festival.com.uy/index.html







Barbershop Quartets Style - Definição de Carlos Braga


Para facilitar a análise detalhada do estilo "Barbershop", faz-se necessária uma definição do que seja exatamente esse formato, o "mainstream", a fonte, o manancial da harmonização vocal.
A definição adiante transcrita, em inglês, é oficial e adotada pela "SPEBSQSA", a Society for the Preservation and Encouragement of Barber Shop Quartet Singing in America - órgão que, como o próprio nome bem define, cuida da preservação dos Barbershop Quartets nos USA (aproximadamente 10.000 quartetos.) Na Europa, no Canadá, na Austrália, no Havaí, etc. existem provavelmente outros tantos, espalhados por diversos países, protegidos e regulamentados por sociedades semelhantes, tais como The British Association of Barbershop Singers, na Inglaterra.
É fácil, portanto, perceber a importância deste estilo, tão cuidadosamente preservado em sua integridade por mais de um século.

E, no entanto, aqui no Brasil, as gerações se sucedem sem saber que existiram e quem foram os Quitandinha Serenaders (um dos membros era Luiz Bonfá), o Bando da Lua, os Anjos do Inferno, os Garotos da Lua (que trouxeram João Gilberto da Bahia para o Rio de Janeiro), os Namorados da Lua (do Lúcio Alves), os Vocalistas Tropicais, os Namorados (do João Donato), as Três Marias, o Trevo (arranjado pelo Ian Guest), o Conjunto Farroupilha (do Tasso Bangel), os Três Moraes, o Momento 4 (do Mauricio Maestro e Zé Rodrix), o Quarteto 004, o Grupo (do Raimundo Bittencourt), O Quarteto (do Carlos Alberto Vianna), o Quarteto Forma (do Eduardo Lages), o Trio Ternura, o Viva Voz, etc., para citar apenas alguns.

Existe também uma organização internacional, com a mesma finalidade: The Barbershop Harmony Society.

Uma curiosidade (um tanto quanto "chauvinista"): até os anos 40 o Barbershop Style era prerrogativa de cantores do sexo masculino. Todavia, em 1945 houve uma "revolução feminista" no sentido de que as mulheres também pudessem cantar em Barbershop Quartets, o que resultou na fundação da entidade "Sweet Adelines International" com finalidade idêntica às que congregam somente homens, acima mencionadas. A quantidade de quartetos femininos "worldwide" é de aproximadamente 10.000.

Mas a coisa ainda funciona na base do "Clube do Bolinha" (e da Luluzinha, lembram? ) - "no girls allowed" ou "no boys allowed", ou seja: nada de quartetos de barbershop mistos. ( Política do "cada um com seu cada qual"...).
Sim, existem vários "quartetos mistos" que, pretensamente, cantam no estilo barbershop, mas não são levados a sério nas "comunidades", pra lá de conservadoras.
(Normalmente esses quartetos mistos são formados por dois casais cujos respectivos cônjuges cantam em grupos masculinos e femininos, separadamente, e que, num determinado momento resolvem juntar suas vozes.)

Anualmente, nos USA bem como nos demais países da Europa, é feita a escolha do melhor quarteto do ano (tanto masculinos quanto femininos). As regras obedecidas fielmente pelos julgadores são as seguintes: (o texto foi mantido integralmente, e à medida que formos analisando o estilo, traduziremos cada tópico).
Aqui se faz necessária uma observação: apesar de sua importância histórica e da legião de fiéis seguidores na Europa e USA, certamente o estilo barbershop está muito distante do gosto dos brasileiros e nem poderia ser diferente: nossa cultura tem outras raízes.
Ao enfatizar a aludida importância histórica, não faço a apologia do estilo, não tenho (e nem poderia ter) qualquer pretensão de convencer àqueles que me prestigiam e honram com sua atenção de que devam gostar (ou não gostar) do que vão ouvir nos exemplos que disponibilizarei em MP3 e Midi files, com finalidade tão somente ilustrativa.
Mas, certamente, muita coisa curiosa e interessante será revelada, de especial interesse tanto para músicos e arranjadores quanto para apreciadores e melômanos.

USA - ORIGEM DOS CONJUNTOS VOCAIS

Os conjuntos vocais americanos foram e, certamente, ainda continuarão sendo a fonte, o “mainstream” de tudo o que já foi e ainda será produzido com vozes se harmonizando, desde os “gay nineties” e os "roaring twenties" – anos de ouro da vida americana, compreendidos entre 1890 e 1930 e os anos subseqüentes, até os dias de hoje.
Sua influência nos conjuntos vocais alemães, suecos, franceses, holandeses, brasileiros, mexicanos, argentinos, cubanos, etc. é induvidosa e inquestionável.
Ao longo do tempo os estilos se constituíram, sedimentaram, evoluíram. Os fantásticos conjuntos vocais americanos ou não que ouvimos hoje, no século XXI – (Take Six, Vox One, Glad, Manhattan Transfer, New York Voices, The Real Group, Neri per Caso, os Cariocas, etc.) são a conseqüência dos pioneiros “Barbershop Singers”, "Gospel Chorals", "Vintage Vocal Groups", "Doo Woppers", etc.
Tom Jobim e Newton Mendonça já advertiam “...outras notas vão entrar, mas a base é uma só, esta outra é conseqüência, do que acabo de dizer...”
Então vamos “à base”, os Barbershop Quartets:
A harmonia do barbershop foi cantada realmente nas barbearias? Certamente, assim como em esquinas ( razão pela qual foi chamada às vezes harmonia do “curbstone”) e em reuniões sociais e nas salas de estar. Suas raízes, durante algum tempo, foram consideradas exclusivamente “brancas”, provenientes da música européia. Hoje, já não restam mais dúvidas de que o “barbershop” é um produto do “melting pot”, resultante da fusão da música européia (imigrantes brancos) com os ritmos e cultura africana (escravos negros).
É necessário que se esclareça que, em certa época, nos USA, as barbearias equivaliam aos nossos “botequins” – ou seja: era o ponto de encontro obrigatório para o bate papo depois do trabalho, principalmente para a comunidade negra e para os imigrantes de classe proletária.
Os imigrantes traziam com eles um repertório musical de hinos, salmos e canções populares. Estas canções simples eram cantadas frequentemente em quatro vozes com a melodia na segunda voz.
Os negros, culturalmente mais atrasados, entoavam canções cujos esboços se baseavam numa visão romantizada da vida escrava nas plantações de algodão.
A influência africana é particularmente notável na natureza improvisacional da harmonização, e na flexibilização da melodia.
Além do mais as escalas musicais até então conhecidas pelos negros eram pentatônicas (com apenas 5 notas, por acaso com intervalos idênticos aos das teclas pretas do piano). Da sua tentativa em assimilar as escalas "brancas", acabaram resultando outras escalas que vieram a ser características da música de jazz, principalmente pela presença das "blue notes". (*)
O uso da palavra “barbershop” para definir o estilo data de 1910, com a publicação das primeiras canções vocalizadas a quatro vozes, com a melodia na segunda voz e a harmonização pelas remanescentes. Esta fórmula é imutável, permanece íntegra até hoje, e é seguida como uma religião. Nos USA existem MILHARES de quartetos “barbershop”, assim como na maioria dos países europeus.
No Brasil jamais se teve notícia da existência de “Barbershop Quartets” assim como na América Latina. A colonização portuguesa e espanhola não trouxe no seu bojo este estilo, estranho a Portugal e Espanha, de tradição musical básicamente instrumental ou do canto individual, não harmonizado. Esta tradição instrumental aqui aportou e de sua miscigenação com a música dos escravos negros de outras regiões africanas resultaram formas musicais (choro, chorinho, maxixe, samba, etc.) básicamente instrumentais e canto individual ou uníssono, sem o elemento harmônico presente no "barbershop".
A história dos conjuntos vocais brasileiros se inicia na década de 1930, e sua inspiração ou modelo foram os “Vintage groups” e os conjuntos vocais associados às big-bands, então em voga. (Mas é certo que - de uma forma ou de outra, alguns conjuntos vocais brasileiros como, por exemplo, "Os Trigêmeos Vocalistas" e " Nilo Amaro e seus Cantores de Ébano", foram influenciados, respectivamente, pelos "Comedian Harmonists", "Mills Brothers" e "Gospel Chorals").

(*) A definição de "blue note" abaixo transcrita é tão precisa que merece ser preservada no original, em inglês:

"BLUE NOTE: A blue note is created through a microtonal lowering of the 3rd, 7th and sometimes the 5th scale degrees. The precise pitch or intonation is not fixed and varies according to the performer's instinct or expression. As such, the blue note is difficult to notate in traditional composition and must be interpreted by the performer. Certain instruments and the human voice are capable of such nuances while others, such as the piano are limited in pitch variation. "


BARBERSHOP STYLE - análise harmônica (1)
Os quartetos de barbershop sempre cantam “à capella”’, sem acompanhamento instrumental e cada nota da melodia é harmonizada com um acorde.
As harmonizações dos quartetos eram (e, eventualmente ainda são) feitas “de ouvido”, e os acordes montados por tentativa e erro. Existe um termo próprio -“woodshed” (significando “ear approach” ) que define a procura pelo melhor acorde, principalmente aquele que, prolongada a sua duração, produz enriquecedores sons harmônicos. Ao longo do tempo, como era natural, vieram os especialistas, os arranjadores que colocaram na pauta o resultado das experiências e, atualmente se encontram disponíveis em lojas de música ou na Net uma infinidade de álbuns de partituras, arranjos, livros tratando do assunto, etc. O “Barbershop arranging manual”, um livro com 450 páginas, editado pela SPEBSQSA é o melhor livro de arranjos que conheço. Disseca, literalmente, TUDO o que diz respeito ao estilo. É uma pena que não exista nenhum compêndio – melhor dizendo, “tratado” tão completo como esse, ensinando, com tanta riqueza de detalhes, como escrever um arranjo para outros estilos de conjuntos vocais, conjuntos instrumentais ou orquestras. (A vida dos arranjadores seria bem mais fácil.)
Os acordes são sempre de quatro notas, uma atribuída a cada membro do quarteto com eventuais dobramentos (repetição da mesma nota) em oitavas diferentes. As vozes do quarteto se denominam: TENOR (a primeira voz, mais aguda, que se harmoniza com a melodia principal através de intervalos de terças e/ou sextas maiores ou menores); LEAD (a segunda voz que, consistentemente, canta a melodia); BARÍTONO (terceira voz, que se coloca acima ou abaixo da melodia, buscando a nota complementar do acorde); BAIXO (a quarta voz, mais grave, que está sempre abaixo das demais, dando suporte ao acorde.)
Dependendo da linha melódica, o LEAD poderá estar acima ou abaixo da terceira voz, mas, jamais, acima do Tenor ou do Baixo. Se, eventualmente a nota original da melodia superar a região mais aguda ou mais grave, poderá haver uma breve e rápida “troca”, ou seja – a nota da melodia ser cantada pelo Tenor ou pelo Baixo, evitando movimentos deselegantes ou saltos indesejados. (É conveniente, todavia que o arranjador evite ou - quando inevitável, use parcimoniosamente este artifício, que tem levado muitos conjuntos a serem desclassificados nos “Annual Contests” quando transgridem a rígida norma de conduta imposta.)
Na definição do estilo barbershop encontramos: “Barbershop Harmony is a style of unaccompanied vocal music characterized by consonant four-part for every melody note...”; o sentido de “consonant chords”, neste caso, seria mais claro se chamado de “harmonious”. Isto porque o intervalo característico dos acordes do barbershop é a sétima menor, adicionada a acordes maiores ou menores. Intervalos de segunda menor são “proibidos” e quando a nota da melodia pede o uso de um acorde “dissonante”, segundo o entendimento dos barbershoppers (sétima maior, nona menor, nona aumentada, décima primeira aumentada, décima terceira, etc.) existem regras claras a serem seguidas para substituir o dito acorde “dissonante” por um “consonante”. Naturalmente a discussão desse aspecto (dissonante X consonante) extrapola o escopo do blog e sua análise, aqui, não tem cabimento. (Inobstante, nas próximas postagens, vou abordá-lo superficial e brevemente – numa deferência aos amigos músicos e arranjadores, para satisfação da curiosidade que o assunto, certamente, despertará naqueles que, porventura, desconheçam a matéria.)
Enfatizo, todavia, que as substituições e soluções sugeridas pelos barbershoppers são perfeitamente adequadas e utilizáveis em outros estilos de vocalização, principalmente como acordes de passagem, de curta duração.

BARBERSHOP STYLE - análise harmônica (2)

Nos quartetos barbershop a melodia é sempre cantada pela segunda voz (LEAD), diferentemente dos demais estilos, onde a melodia - como regra geral - é atribuída à primeira voz. Esta talvez seja a característica mais marcante do estilo.
Curiosamente, apesar da melodia não ser conduzida pela voz mais aguda, ela se destaca e não se confunde com o contracanto da primeira voz.
De uma forma genérica e simplificada, um arranjo para quarteto barbershop pode ser assim explicado: o Tenor e o Lead cantam um dueto no qual o Tenor – usualmente através dos intervalos de terça e/ou sexta - harmoniza a melodia principal cantada pelo Lead.
A segunda voz – Lead - JAMAIS ultrapassa o tenor. O Barítono (terceira voz) flutua abaixo e acima do Lead, entoando a nota complementar do acorde (pode ser a tônica, a terça, a quinta ou a sétima, dependendo do “momentum”.) O Baixo – quarta voz – é responsável pela nota mais grave do acorde, (normalmente a tônica ou a quinta) e embora seja raríssimo, pode, eventualmente, ser suplantado pelo Lead, como já explicamos anteriormente.

Todas as vezes que a melodia cai numa nota que induza ao uso de um acorde “dissonante”, o manual de arranjos do estilo ensina como substituir este acorde “dissonante” por um “consonante”.
Como a análise dessas substituições teria que ser necessariamente técnica, optei por não aborda-las aqui. (*)

(*) NOTA: os amigos (músicos, arranjadores, melômanos) que desejarem ter acesso a essas regras de substituição de acordes, por favor façam uma solicitação através do meu “e-mail” – postado acima do meu perfil; com muito prazer atenderei à solicitação, remetendo uma cópia do texto original excerto do “Barbershop Arranging Manual”.

Outra característica bastante peculiar é que os quartetos barbershop cantam a pleno pulmão, “para fora”, com volume máximo – diferentemente dos demais conjuntos vocais que primam pelo equilíbrio moderado das vozes.
Todavia, por paradoxal que possa parecer, as vozes dos barbershoppers se fundem e equilibram muito bem.
A razão para cantarem no volume máximo é a busca do “expanded sound”, a perseguição aos sons harmônicos, uma vez que o som do acorde, a verticalidade, sobrepuja a horizontalidade na condução das vozes.
A preocupação com a linearidade das vozes é encontrada tão somente na relação entre o Tenor e o Lead. Os movimentos do Barítono e do Baixo são determinados pela busca das notas complementares do acorde, em detrimento da horizontalidade ou linearidade. (**)

(**) Para uma fácil compreensão da diferença entre "horizontalidade" e "verticalidade" : o som dos "Cariocas" é proeminentemente VERTICAL, ou seja, ao Maestro Severino Filho, interessa mais o som do acorde como um todo, idêntico aos do piano ou do violão. Já o som do "Boca Livre" é primordialmente HORIZONTAL, pois o Maurício Maestro privilegia a melodia individual de cada vocalista, deixando o som do acorde em plano secundário.
Num plano "jazzistico" : os "Four Freshmen" são verticais e o "Swingle Singers", horizontais. E os "Hi-lo's", o que seriam? Bem, graças à genialidade do "papa" GENE PUERLING, os "altos e baixos" são tudo, uma perfeita mixagem de linearidade e verticalidade, como veremos na ocasião adequada.

Quando um quarteto barbershop está “woodshedding a chord”, cada um dos membros vai ajustando a sua nota em busca da afinação perfeita.
Nesse sentido vale transcrever um tópico da definição do estilo, bastante esclarecedor: “Barbershop interpretive style permits relatively wide liberties in the treatment of note values – staying within proper musical form – and uses changes in tempo and volume to more effectively create a mood and tell a story artistically.
Relative to an established sense of tonality, the melodic line and the harmony parts are enharmonically adjusted in pitch to produce an optimum and consonant sound.”

Cantar num quarteto barbershop é uma “atitude” – no sentido hodierno do termo: uma postura em relação à vida, um hábito adquirido e cultivado. E isso demanda uma obediência às regras do estilo e à escolha de músicas adequadas.

O repertório dos “barbershop quartets” é voltado para músicas que – inobstante sua alta qualidade – caminhem por trilhas harmônicas convencionais, simples e sem grande sofisticação, evitando o uso dos acordes “dissonantes”.
Por exemplo:”Moonglow”, “All of me”, “Linger awhile”, “Mister Sandman”, são composições belissimas, “standards” perfeitamente adequadas ao estilo barbershop.
Em contrapartida, “Sophisticated Lady”, “All the things you are” ou “What’s new”, não se enquadram ou encaixam, por demandarem uso constante e intermitente de acordes “dissonantes” e caminhos harmônicos complexos.

Por outro lado, a maioria das canções dos quartetos barbershop são em tom maior – e a razão é óbvia: é muito mais fácil entoar apropriadamente um acorde maior que um acorde menor...

Além disso, as canções em tom maior sempre sugerem alegria, “joy, fun”, enquanto aquelas em tom menor, geralmente são tristes, “blues”, “gray”...

No manual, a definição de “Barbershop Song” é esta: “Some songs have melodies that suggest very complex harmonic sounds which are difficult, if not impossible, to translate into barbershop. These songs are not going to work in the barbershop style. Sometimes a melody clearly and unmistakably implies the use of minor harmonies. While one cannot think of a typical barbershop song that is predominantly minor throughout (try “woodshedding in minor!)
Speaking of such songs, (“Laura”, “If you could see me now”, “The man I love”, “Lover man”, “Goodmorning heartache”, etc.): they seldom provide the requirements of a good barbershop song. While beautiful, they do not demonstrate the necessary characteristics for barbershop – the melodies often do not generate enough barbershop-style chords, nor enough tradicional barbershop chord progressions.”

Pois bem: acho que é o bastante para compreendermos, na teoria, o estilo barbershop. O próximo passo será prático, mostrando os exemplos através de MP3 files e de Midi files para que os músicos possam ter acesso às partituras.

AGORA VEM O MELHOR: – (... uma “pulga atrás da orelha” dos amigos pra fazer “suspense”...) vou mostrar como fazer em sua casa, sem qualquer conhecimento de música, um conjunto vocal com a esposa, filhos e filhas – no mais puro estilo barbershop! Está lançado o DESAFIO! Os que quiserem encarar que afiem os "gogós" e me aguardem...Texto de CARLOS BRAGA
Freeport, Gran Bahama, Bahamas

Léo Galdeman - Artista da Criação




Leia e/ou baixe o texto em PDFno link a seguir: Artista da Criação - Léo Galdeman

A fórmula da bossa nova



Os quatro elementos de uma música leve porque eterna, delicada porque alegre
Você provavelmente não lembra até porque, assim como eu, nem tinha nascido ainda , mas a música brasileira já foi um gênero dramático, sim, um derivado de operetas e bel-canto, em que cantores se esganiçavam em dós de peito para falar de amores trágicos, mulheres cruéis, desenlaces dramáticos e romances malogrados. E sempre tinha alguém morrendo envenenado. Nem todo mundo pegava assim tão hard, claro. Ainda nas décadas de 30 e 40, compositores como Noel Rosa e Dorival Caymmi, cantores como Orlando Silva (um vozeirão suave que escandia as sílabas com elegância) e Mario Reis (um tiquinho de voz com uma atitude moderna) e cantoras como Carmen Miranda e Aracy de Almeida tinham um quê todo especial. Esses compositores e intérpretes populares trouxeram leveza, delicadeza, uma atitude mais solar à música brasileira. E ajudaram a abrir caminho para toda uma geração de artistas a partir do fim dos anos 50.

Pois então: em agosto de 1958, há 50 anos, um baiano de Juazeiro lançava um disquinho de 78 rpm com as músicas Chega de Saudade (lado A) e Bim Bom (lado B). Nunca mais seríamos os mesmos. João Gilberto foi o abre-alas, o porta-estandarte de um momento (e não apenas movimento) que em breve seria conhecido como bossa nova e que hoje forma um tesouro, não apenas da música popular, mas da nossa sensibilidade. Porque a bossa nova é uma música que, mais que uma promessa de felicidade, sintetiza toda uma atitude diante da vida.

Leia esta canção.

Leveza

Foi João Gilberto, que pelos 50 anos seguintes cultivaria o folclore (ao que parece, confirmado por muitas fontes fidedignas e outras nem tanto) de arredio, quem narrou o episódio exemplar, quase uma fábula sobre seu primeiro contato com Tom Jobim: Meu encontro com Tom foi no Leme, cedo ainda da noite. Era perto da boate Drink e eu estava naquele café Mooca, cheio de músico. Aí tem o descanso e eles iam naquele bar nessa hora. Tom estava ali, sentado, e se levantou. Menino se conhece assim. Menino chega e começa a conversar. É bom e assim logo vai se conhecendo.

Bonito, não? Claro que é preciso levar em conta que o Rio dos anos 50 mal havia povoado o Leblon (a Barra ainda era uma ficção, um imenso areal), a vida parecia ser mais risonha e franca para alguns etc., mas o depoimento de João Gilberto dá conta de uma atitude que está na raiz da música praticada por ele e por Tom Jobim, além de João Donato, Johnny Alf, Marcos Valle, Vinicius de Moraes, Carlos Lyra, Roberto Menescal, Ronaldo Bôscoli e tantos outros artistas de qualidade. A questão básica é a leveza. Leveza nos acordes: já ouviu o piano de Tom Jobim? Ele fica só no essencial, sem firulas. Leveza nas letras: não mais aquele vocabulário pernóstico, beletrista, mas palavras do cotidiano de uma juventude culta e solar como era a turma do Rio que cresceu no pós-guerra.

Tudo bem que versos como Tu pisavas nos astros distraída (Chão de Estrelas, Orestes Barbosa, anos 30) estão entre os imortais do nosso cancioneiro, mas compare essa atitude a do macho diante de sua fêmea com o verso Você tem que vir comigo em meu caminho (Minha Namorada, Carlos Lyra e Vinicius de Moraes, anos 60). Se na primeira o foco é, digamos, negativo (o amante rememora o amor com melancolia), na letra dos bossanovistas a atitude é afirmativa, olha para a frente, para o futuro da relação. Sem mágoas. Na maior leveza. E de forma compartilhada.

Delicadeza

Há poesia mais leve e delicada como essa na hora de falar de um amor que não aconteceu direito? Veja isto: Ah!, se eu pudesse te encontrar serena / Eu juro, pegaria tua mão pequena / E juntos vendo o mar / Dizendo aquilo tudo, quase sem falar. A composição é de Bôscoli e Menescal, dois dos artífi - ces do movimento. Em vários depoimentos da turma que integrou as primeiras fileiras da bossa nova transparece um corte, abrupto até, com os ideais e a visão de mundo de pais e parentes mais velhos.

Acontece que a bossa nova, junto com outros movimentos em outras partes do mundo ela é contemporânea dos primórdios daquela mistura de ritmos negros que desaguaria no rock e da nova forma, mais solta, de se fazer cinema dos jovens cineastas franceses da nouvelle vague , foi a primeira grande manifestação de cultura jovem no Brasil. Não é exagero. Isso estava acontecendo em todo o mundo. As crianças que cresceram durante a Segunda Guerra enxergavam um novo horizonte à frente, longe das privações, dos tempos sombrios, dos gestos heróicos e das despedidas para sempre.

Ao romper com o dramalhão e o bolero, com o melodrama das paixões, ao ir para a beira da praia (em vez de se enfurnar em buracos do velho Centro) e ao se recusar a cair na fossa como a geração de seus pais, os moços da bossa nova buscavam na estética aquilo que já viviam no cotidiano: uma maneira mais delicada de tocar a vida, em que os amores não precisavam ser eternos, as amizades ajudavam a fermentar ainda mais a turma, a vida merecia ser celebrada a cada momento, sem desespero nem afobação.

Chico Buarque, que de certa forma é filho da bossa, pois foi escutando Chega de Saudade que ele decidiu ser artista popular, sem falar que iria ser parceiro de Tom e Vinicius (e por um período cunhado de João Gilberto!), tem uma parceria com Cristóvão Bastos intitulada Todo Sentimento. Na letra, a certa altura ele fala num tempo da delicadeza, algo que só pode ser compreendido a partir de quem se nutriu das canções bossanovistas.

Alegria

Ele era o rei da melodia. Antes do Tom, contavam-se nos dedos as músicas que transmitiam certa ternura. Era tudo muito trágico. Foi o outro João essencial da bossa nova quem disse isso: João Donato, ele próprio um mestre do ritmo e das harmonias, infelizmente bem mais apreciado durante décadas nos Estados Unidos, no Japão e na Europa que em sua terra natal. A ternura absolutamente antitrágica a que se refere Donato tem a ver com um espírito de alegria que as canções da bossa nova projetaram para o futuro desde aqueles primeiros tempos.

Claro que, em matéria de alegria desmesurada, de deboche genial, de graça malandra não há quem ganhe do samba de Noel Rosa, Lamartine Babo, Martinho da Vila e Zeca Pagodinho, só para citar alguns bambambãs de várias gerações. Aí são outros quinhentos, evidentemente. Sem falar que, sem a lição do samba, neca de bossa nova. Mas ela cristalizou (sim, fixou para sempre) a alegria não só nas letras e melodias, mas no próprio ambiente em que os músicos passaram a circular. Não mais as enfumaçadas e darks boates de outrora. Se você pegar um livro como Chega de Saudade, de Ruy Castro, a mais exaustiva e deliciosa investigação sobre o movimento, você vai ver que as canções passaram a ser compostas em reuniões nos apartamentos da turma, às vezes na praia, outras vezes no boteco, em plena luz do dia. E é claro que isso infl uencia o modo de composição, nem é preciso ter estudado sociologia da cultura para sacar um troço desses.

Veja esta letra de Tom e Vincius, A Felicidade: A felicidade é como a gota / De orvalho numa pétala de flor / Brilha tranqüila / Depois de leve oscila / E cai como uma lágrima de amor. Dá para perceber a sutileza do raciocínio? O que os poetas dizem aqui é que dá para alternar momentos felizes com outros nem tanto, o que vale é essa alegria tranqüila, sábia. Na poética popular o orvalho sempre esteve associado à melancolia, era como uma lágrima da natureza que correspondia perfeitamente àquelas despejadas pelo pranto do poeta. A bossa nova fez isso, alterou os pólos da nossa sensibilidade, mostrando que, se não há total felicidade, pode-se encontrar a alegria. Até porque Tristeza não tem fi m / Felicidade sim.

Eternidade

Vamos repassar algumas coisas que estiveram em nossa conversa. A bossa nova, inicialmente surgida como um movimento musical no Rio de Janeiro amável da década de 50, e que ganharia o mundo quase como sinônimo de música brasileira, sintetizou e lançou ao futuro alguns dados da nossa sensibilidade, como a leveza, a delicadeza e a alegria. Mesmo que depois vários de seus precursores tenha negado o rótulo e com alguma razão, afi nal a música que fi zeram João e Jobim, entre outros, é apenas música maravilhosa, sem carimbos de procedência , ter sido bossanovista foi um marco na carreira desses músicos e continua sendo uma espécie de distinção especial. Afinal, os valores desse movimento até hoje marcam nossa música e de certa forma nossa maneira de enxergar as coisas, poeticamente falando.

Escutar qualquer CD de João Gilberto (ou assisti-lo em uma de suas raras apresentações previstas para os meses de agosto e setembro em São Paulo, Rio e Salvador) é deparar com um outro tempo, que não é apenas ontem e hoje, mas sempre. Alguma coisa na sua maneira de cantar, na sua forma de tocar o violão, de escolher o repertório cada vez mais os sambas das décadas de 30 e 40 que ele costumava ouvir em sua infância e mocidade parece dizer, até para o mais desatento dos ouvintes, que aquilo ali foi feito agorinha mesmo, que não depende dos últimos recursos técnicos da temporada, e que por detrás de sua aparente simplicidade há uma busca constante pelo essencial. Isso é o que garante a eternidade de um artista. E de qualquer empreitada na vida.

Ainda duvida? Pois então creia em Tom Jobim e veja o que ele escreveu na contracapa do primeiro LP de João Gilberto, Chega de Saudade (1959): Ele acredita que há sempre lugar para uma coisa nova, diferente e pura que embora à primeira vista não pareça pode se tornar como dizem na linguagem especializada: altamente comercial. Porque o povo compreende o amor, as notas, a simplicidade e a sinceridade. Eu acredito em João Gilberto, porque ele é simples, sincero e extraordinariamente musical.

Amém.


Site oficial de Tom Jobim. Vídeo antológico com João Gilberto interpretando "Garota de Ipanema" com Tom Jobim. Um resumo sobre a história da bossa nova. Leia também matéria sobre Tom Jobim no arquivo de Vida Simples. Site oficial de Tom Jobim. Vídeo antológico com João Gilberto interpretando "Garota de Ipanema" com Tom Jobim. Um resumo sobre a história da bossa nova. Leia também matéria sobre Tom Jobim no arquivo de Vida Simples. mais matérias do canal "Grandes temas"Edições Anteriores Edição Jun 2008Você provavelmente não lembra até porque, assim como eu, nem tinha nascido ainda , mas a música brasileira já foi um gênero dramático, sim, um derivado de operetas e bel-canto, em que cantores se esganiçavam em dós de peito para falar de amores trágicos, mulheres cruéis, desenlaces dramáticos e romances malogrados. E sempre tinha alguém morrendo envenenado. Nem todo mundo pegava assim tão hard, claro. Ainda nas décadas de 30 e 40, compositores como Noel Rosa e Dorival Caymmi, cantores como Orlando Silva (um vozeirão suave que escandia as sílabas com elegância) e Mario Reis (um tiquinho de voz com uma atitude moderna) e cantoras como Carmen Miranda e Aracy de Almeida tinham um quê todo especial. Esses compositores e intérpretes populares trouxeram leveza, delicadeza, uma atitude mais solar à música brasileira. E ajudaram a abrir caminho para toda uma geração de artistas a partir do fim dos anos 50.

Pois então: em agosto de 1958, há 50 anos, um baiano de Juazeiro lançava um disquinho de 78 rpm com as músicas Chega de Saudade (lado A) e Bim Bom (lado B). Nunca mais seríamos os mesmos. João Gilberto foi o abre-alas, o porta-estandarte de um momento (e não apenas movimento) que em breve seria conhecido como bossa nova e que hoje forma um tesouro, não apenas da música popular, mas da nossa sensibilidade. Porque a bossa nova é uma música que, mais que uma promessa de felicidade, sintetiza toda uma atitude diante da vida. por Leandro Sarmatz ilustrações Nelson Provazi

As Melhores Frases de "Nelson Rodrigues"



A companhia de um paulista é a pior forma de solidão

O homem começa a morrer na sua primeira experiência sexual

Só os profetas enxergam o óbvio

Deus prefere os suicidas

A morte é anterior a si mesma

Toda unanimidade é burra. Quem pensa com a unanimidade não precisa pensar.

Todo desejo é vil

A cama é um móvel metafísico

Até 1919, a mulher que ia ao ginecologista sentia-se, ela própria, uma adúltera

O brasileiro chamado de doutor treme em cima dos sapatos. Seja ele rei ou arquiteto, pau-de-arara, comerciário ou ministro, fica de lábio trêmulo e olho rútilo

Tarado é toda pessoa normal pega em flagrante

Toda mulher gosta de apanhar. Só as neuróticas reagem

Hoje é muito difícil não ser canalha. Todas as pressões trabalham para o nosso aviltamento pessoal e coletivo

O marido não deve ser o último a saber. O marido não deve saber nunca

O biquíni é uma nudez pior do que a nudez

Só há uma tosse admissível: a nossa

Toda mulher bonita é um pouco a namorada lésbica de si mesma

Não admito censura nem de Jesus Cristo

Nada nos humilha mais do que a coragem alheia

Eu me nego a acreditar que um político, mesmo o mais doce político, tenha senso moral

Morder é tara? Tara é não morder

Todo tímido é candidato a um crime sexual

Quem nunca desejou morrer com o ser amado nunca amou, nem sabe o que é amar

O que atrapalha o brasileiro é o próprio brasileiro. Que Brasil formidável seria o Brasil se o brasileiro gostasse do brasileiro

O amigo é um momento de eternidade

O asmático é o único que não trai

Não há bola no mundo que seja indiferente a Zizinho.

A humilhação de 50, jamais cicatrizada, ainda pinga sangue. Todo escrete tem sua fera. Naquela ocasião, a fera estava do outro lado e chamava-se Obdulio Varela.

Djalma Santos põe, no seu arremesso lateral, toda a paixão de um Cristo negro.

Muitas vezes é a falta de caráter que decide uma partida. Não se faz literatura, política e futebol com bons sentimentos.

Um jogador rigorosamente brasileiro, brasileiro da cabeça aos sapatos. Tinha a fantasia, a improvisação, a molecagem, a sensualidade do nosso craque típico.

Não me venham falar em Di Stéfano, em Puskas, em Sivori, em Suárez. Eis a singela e casta verdade: não chegam aos pés de Pelé. Quando muito, podem engraxar-lhe os sapatos, escovar-lhe o manto.

Um time que tem Pelé é tricampeão nato e hereditário.

O futebol é passional porque é jogado pelo pobre ser humano.

Um Garrincha transcende todos os padrões de julgamento. Estou certo de que o próprio Juízo Final há de sentir-se incompetente para opinar sobre o nosso Mané.

Eu digo: não há no Brasil, não há no mundo ninguém tão terno, ninguém tão passarinho como o Mané.

O casamento não é culpado de nada. Nós é que somos culpados de tudo.

A dúvida é autora das insônias mais cruéis. Ao passo que, inversamente, uma boa e sólida certeza vale como um barbitúrico irresistível.

Toda coerência é, no mínimo, suspeita.

A maioria das pessoas imagina que o importante, no diálogo, é a palavra. Engano, e repito: - o importante é a pausa. É na pausa que duas pessoas se entendem e entram em comunhão.

Toda a história humana ensina que só os profetas enxergam o óbvio.

Amar é ser fiel a quem nos trai.

Acho a liberdade mais importante que o pão.

Ou a mulher é fria ou morde. Sem dentada não há amor possível.

Dinheiro compra tudo. Até amor verdadeiro.

Só não estamos de quatro, urrando no bosque, porque o sentimento de culpa nos salva.

No Brasil, quem não é canalha na véspera é canalha no dia seguinte.

A morte de um velho amigo é uma catástrofe na memória. Todas nossas relações com o passado ficam alteradas.

Deus só freqüenta as igrejas vazias.

Copacabana vive, por semana, sete domingos.

Não ama seu marido? Pois ame alguém, e já. Não perca tempo, minha senhora!

A fome é mansa e casta. Quem não come não ama, nem odeia.

Todo ginecologista devia ser casto. O ginecologista devia andar de batina, sandálias e coroinha na cabeça. Como um são Francisco de Assis, com a luva de borracha e um passarinho em cada ombro.

A verdadeira grã-fina tem a aridez de três desertos.

No passado, a notícia e o fato eram simultâneos. O atropelado acabava de estrebuchar na página do jornal.

Não reparem que eu misture os tratamentos de tu e você. Não acredito em brasileiro sem erro de concordância.

Nossa ficção é cega para o cio nacional. Por exemplo: não há, na obra do Guimarães Rosa, uma só curra.

Os magros só deviam amar vestidos, e nunca no claro.

Um filho, numa mulher, é uma transformação. Até uma cretina, quando tem um filho, melhora.

O cardiologista não tem, como o analista, dez anos para curar o doente. Ou melhor: - dez anos para não curar. Não há no enfarte a paciência das neuroses

Não há ninguém mais vago, mais irrelevante, mais contínuo do que o ex-ministro.

Nunca a mulher foi menos amada do que em nossos dias.

O Natal já foi festa, já foi um profundo gesto de amor. Hoje, o Natal é um orçamento.

Enquanto um sábio negro não puder ser nosso embaixador em Paris, nós seremos o pré-Brasil.

Se eu tivesse que dar um conselho, diria aos mais jovens: - não façam literatice. O brasileiro é fascinado pelo chocalho da palavra.

Qualquer menino parece, hoje, um experimentado e perverso anão de 47 anos.

Quero crer que certas épocas são doentes mentais. Por exemplo: - a nossa.

Sexo é para operário.

Desconfio muito dos veementes. Via de regra, o sujeito que esbraveja está a um milímetro do erro e da obtusidade.

Falta ao virtuoso a feérica, a irisada, a multicolorida variedade do vigarista.

A Música de Ornette Coleman

Em 1959, ao abrir uma série de concertos no famoso clube nova-iorquino Five Spot (texto escrito para a coleção "Let's Jazz In Público").

Ornette Coleman chamou a atenção do mundo do jazz. Aparecendo a tocar num saxofone de plástico branco, com uma sonoridade estranha e uma linguagem musical desconcertante, baseada num suporte temático aparentemente simples, quase infantil, era acompanhado por Don Cherry no seu pocket trumpet, e uma seção rítmica composta por Charlie Haden no contrabaixo e Billy Higgins na bateria. A principal novidade era que os improvisos não obedeciam a uma série de acordes pré-definidos, como seria de esperar na época.

Com o “succès de scandale” que costuma marcar as revoluções artísticas, Ornette fazia história. O seu estilo não tinha precedente, e tanto o público como a crítica não sabiam muito bem como reagir. A sua música era inclassificável. As opiniões sobre esta música oscilavam entre dois extremos: Leonard Bernstein considerou-a genial, Roy Eldridge uma fraude.
Ornette não era o único a explorar esta via. Outros, como Cecil Taylor, eram ainda desconhecidos, mas trilhavam o mesmo caminho. Claro que o estilo não nasceu do nada. Antes de ir para Nova Iorque o seu grupo teve vários anos de experimentação, em que foram reequacionados todos os aspectos do jazz, como ritmo, melodia, harmonia, sonoridade, fraseado, estrutura. A esta música, que lhe surgia naturalmente, chamaria "free jazz".

Os limites da sujeição aos acordes são explicados pelo próprio: "Using changes [série de acordes] [...] lets the audience know what you're doing. But that means you're not playing all your own music, or all the music you're playing's not yours".
Depois de utilizar vários pianistas, como Don Friedman, Paul Bley e Walter Norris, decidiu-se por retirar o piano do seu grupo para ter mais liberdade melódica, sem restrições harmónicas. Com o baterista Ed. Blackwell, de Nova Orleãs, no lugar de Billy Higgins, o grupo apura o seu estilo, com o ritmo mais solto, e mais interativo com o solista.

A secção rítmica não se limita a acompanhar. Tem uma responsabilidade acrescida no resultado final, do ponto de vista da interação musical. Desta forma, obrigou os seus músicos a repensar a abordagem aos seus próprios instrumentos.
Para Ornette a expressão pessoal é o mais importante. O que ele gostava mais era de ver alguém fazer aquilo que melhor sabia, fosse em que área fosse. Sobre um malabarista que ele observou em frente ao Radio City Music Hall, em Nova Iorque, comentou mais tarde que fora a obra de arte mais bela que alguma vez tinha visto.

O seu estilo é muito marcado pela sua passagem por bandas de rhythm & blues, o que torna a sua música menos abstrata, mais alegre e rítmica, o que permite uma leitura mais fácil, apesar da complexidade da gramática musical. Uma afinação muito pessoal, utilização de multifônicos (produção de vários sons em simultâneo), efeitos sonoros, sonoridade poderosa, glissando, etc., tudo contribui para o seu estilo como saxofonista. Acima de tudo ele pretende encontrar a voz humana no seu som: "You can always reach into the human sound of a voice on your horn if you're actually hearing and trying to express the warmth of a human voice". Na realidade, Ornette era mais respeitado como compositor do que como saxofonista.

Mas, como a maioria dos músicos da sua geração, Ornette começou no bebop e no blues. Nasceu em 1930 e começou a tocar aos 14 anos. Oriundo do Texas, de uma família pobre, nunca teve uma educação musical formal. Começa a tocar saxofone na escola, e desde logo com alguns amigos de infância com quem viria a gravar mais tarde: o baterista Charles Moffett, o saxofonista Dewey Redman e o trompetista Bobby Bradford. Aos 17 anos tinha já o seu próprio grupo. Segue-se uma temporada em várias bandas de rhythm & blues aonde vai desenvolvendo gradualmente o seu estilo.

O que aliás lhe vai causar problemas. No Mississipi é despedido por ter ensinado um tema de bebop a alguns membros do grupo. Noutra ocasião, em Nova Orleãs, depois de um solo particularmente arrojado, alguns rufias dão-lhe uma sova e destroem-lhe o saxofone. Em 1954 vai para Los Angeles onde ganhava a vida como ascensorista, aproveitando as subidas e descidas do elevador para estudar teoria musical. Freqüentava jam sessions, onde muitas vezes era hostilizado, até pelo grande saxofonista Dexter Gordon. Mas é aqui que se rodeia de músicos que acreditam na sua música e com quem ele vai apurar o seu estilo, nomeadamente três que vão ter um papel importante no seu desenvolvimento: o trompetista Don Cherry, o contrabaixista Charlie Haden e o baterista Billy Higgins.

O produtor Lester Koenig, dono da Contemporary Records, decide apostar nele. Em Somethin' Else: The Music of Ornette Coleman (1958), usa ainda uma secção rítmica convencional (Walter Norris no piano, Don Payne no contrabaixo e na bateria Billy Higgins, para além de Don Cherry no trompete), mas em Tomorrow is the Question!, Experimenta pela primeira vez um grupo sem piano. Em 1959, com a ajuda de John Lewis e Percy Heath, muda-se para Nova Iorque, onde estuda temporariamente na Lenox School of Jazz (com Lewis e Gunther Schuller).

Mas o que marca verdadeiramente a mudança de estilo é a transição para a Atlantic Records que vai dar origem à fase "clássica" de Ornette, com algumas das suas gravações mais importantes e composições mais apreciadas. Desta vez pode gravar com a sua secção rítmica, com Haden e Higgins. Em 1959 grava The Shape of Jazz to Come, que contém o famoso "Lonely Woman".

Ornette sempre idolatrou Charlie Parker, do qual se considera legítimo herdeiro: "Bird would have understood us. He would have approved our aspiring to something beyond what we inherited." A sua admiração por Parker continuou, e em 1985 grava "Word for Bird".

De fato a música desta fase deve muito ao seu mentor: o espírito bebop está bem presente, a preferência por estruturas convencionais tipo blues, utilização preferencial do registro médio e agudo do saxofone. No entanto, desde então que queria fugir aos clichês desse mesmo bebop.

Em 1960 forma um octeto, que consiste no seu próprio quarteto (com Cherry, Haden e agora Ed Blackwell na bateria) ao qual juntou o quarteto do saxofonista e multi-instrumentista Eric Dolphy (com Freddie Hubbard no trompete, Scott LaFaro no contrabaixo e Billy Higgins). Com este grupo vai para estúdio e grava Free Jazz, talvez a maior referência para o movimento de vanguarda que iria florescer na década de 60. O produtor não consegue refrear o seu entusiasmo e põe na capa, para acentuar o caráter vanguardista, uma reprodução de um quadro de Jackson Pollock, e como subtítulo, escreve "a collective improvisation by the Ornette Coleman double quartet". Trata-se de fato de uma improvisação coletiva, aparentemente sem restrições, com a duração de 36 minutos ininterruptos.

Apesar de uma liberdade no improviso sem precedentes, Ornette não abandona algumas "normas" que vão marcar a sua música nos anos seguintes. Por um lado, o ritmo puro e simples, com groove, e até, por vezes, swing. Por outro a liberdade no gesto, tanto melódico como rítmico. O efeito resulta numa oposição de contrastes, e ocasionalmente aparecem temas, curtos motivos partilhados por todos, que dão à peça uma relativa unidade composicional.

Em 1965, depois de uma fase de retiro artístico, na qual procurou novas formas de se exprimir, reaparece em concertos na Europa a tocar, para além do saxofone, trompete e violino. Ornette considerava a utilização destes instrumentos uma forma de acrescentar cor à sua música.

Para além do seu trabalho como improvisador, sente-se gradualmente atraído pela composição para grupos da área da música erudita. Já tinha utilizado um quarteto de cordas num célebre concerto em Town Hall em 1962, e continuou a escrever para essa formação, mas também para quinteto de sopros ("Sounds and Forms for Wind Quintet", 1965), e também para orquestra sinfônica ("Skies of America", 1971), estreada pela London Symphony.

Em 1966 grava The Empty Foxhole com Charlie Haden e o seu filho Denardo Coleman na bateria, na altura com 10 anos de idade, e que viria a ser um dos esteios do seu grupo nas décadas seguintes. A partir desta altura a sua música parece começar a seguir uma direção muito própria, em que se fundem elementos de R&B, rock, jazz e world music, como se pode ouvir em Science Fiction, de 1971. Ornette iria explorar, a partir desse momento, os sons da fusão.

Uma viagem a Marrocos em 1973 e a audição de vários grupos locais vai marcá-lo profundamente, justamente pela sua capacidade de juntar elementos de enorme sensualidade a uma liberdade de improvisação sem limites.

Em 1975 forma o grupo elétrico Prime Time, em que tenta juntar a improvisação mais sofisticada e criativa ao apelo rítmico do rhythm & blues, mais característico da música pop. Paralelamente a esta inflexão, sente a necessidade de teorizar sobre o seu processo criativo. Isso dá origem ao conceito de Harmolodic Theory, ou Harmolodics. Trata-se de um conceito vago, que o próprio não sabe explicar claramente, que está supostamente na base da sua produção musical a partir dos anos 70. "Using the melody, the harmony, and the rhythm all equal." Ou, numa visão mais abstrata e certamente mais feliz: "melody, harmony, and the instrumentation of movement of forms." (Geralmente, tal como afirma o compositor Gunther Schuller, as suas afirmações sobre música são bastante obscuras, e por vezes mesmo contraditórias).

Será que Ornette deixou alguma vez de ser um músico de rhythm & blues? Talvez não, e talvez seja essa a marca que o distingue de outros representantes das correntes de vanguarda no jazz. Desde a sua fase de "bebop progressivo" à música elétrica de Prime Time, passando pelo desbravar do free jazz (a seguir ao qual se retirou, deixando a porta aberta para outros o explorarem), Ornette nunca abandonou certa visceralidade na execução, apesar de já não se deitar de costas no chão e bater os pés no clímax dos seus solos, como quando imitava o saxofonista Big Jay McNeely, um dos seus ídolos da adolescência.

Numa entrevista ao New York Times, em 1981, afirmou: "People have started asking me if I'm really a rhythm-and-blues player, and I always say, why, sure. To me, rhythm is the oxygen that sits under the notes and moves them along, and blues is the coloring of those notes, how they're interpreted in an emotional way".

Ou ainda, noutra entrevista com um tom poético que marca muitas das suas intervenções sobre música: "the theme you play at the start of a number is the territory, and what comes after, which may have very little to do with it, is the adventure".
Aventura implica imprevisto, sorte, acaso, perigo, risco. Afinal de contas, as marcas da música de Ornette Coleman. E Ornette Coleman é a sua música. Nas suas palavras, a sua vida para além da música é igual à de toda a gente: "born, work, sad and happy and etc."